sexta-feira, 9 de março de 2012

O que o intestino tem a ver com a sua diabetes?

Durante a digestão da comida , no intestino delgado, algumas células são ativadas pelos nutrientes e liberam substâncias que vão estimular a produção de glicose.  Essas, chamadas de incretinas,  receberam o nome de Peptídeo símile ao glucagon 1 (GLP-1) e Polipeptídeo inibitório gástrico (GIP). Foram descobertas após pesquisadores perceberem que algo no intestino influenciava a liberação de insulina. Esta idéia surgiu de uma observação de quando se oferecia glicose via oral,  a insulina se elevava muito e quando era injetado a mesma glicose na veia o aumento da insulina não era tão grande.
Desde a época de 1930 sabia-se da influência do intestino no metabolismo da glicose, mas usar essa via como um aliado para o tratamento do diabetes só veio em 2005 com o medicamento Exenatide (Byetta). Com os excelentes resultados outros medicamentos foram lançados usando as incretinas.
Como dito, as incretinas são produzidas no intestino, as ações mais importantes desempenhada pelo GLP-1 são:
  • Estimular a secreção de insulina
  • Diminui a de glucagon (outro importante hormônio envolvido no diabetes)
  • Desacelera o trânsito Gastrointestinal
  • Reduz o consumo de alimentos
  • Melhora a sensibilidade de insulina
  • Proteção cardiovascular, pancreática e cerebral
  • Diminui produção de glicose no fígado


Após a liberação de GLP-1 , depois de poucos minutos ela é inativada por uma enzima chamada de  DPP-4 (dipeptidyl peptidase IV).

Além de normalmente ser degradada de maneira rápida nos diabéticos a produção está diminuída, mas dar o GLP-1 Não mostrou-se eficaz pela deterioração pela enzima DPP- 4. A partir daí técnicas de melhorar a ação destes hormônios foram feitas como:

Byetta (exenatide), uma substância que se liga no receptor do GLP 1 ativando os mesmos. Não é degradada pela DPP-4 então dura mais no organismo.

Victoza (lidaglutide) é um análogo, substância semelhante , do GLP 1. Também não é degradada pela DPP -4.
Os dois medicamentos acima  elevam a potência das incretinas para níveis além do fisilológico (normal do corpo humano), trazendo benefícios adicionais a outras terapias.

Já o inibidores de DPP -4 como Januvia (Sitagliptina), Vildagliptina (Glavus), Saxagliptina (onglyza), Linagliptina (trayenta) e alogliptina (ainda não aprovada no Brasil) agem se ligando à molécula de DPP 4 deixando o GLP-1 produzido pelo corpo agir mais tempo e com o controle melhor da glicose.




domingo, 29 de janeiro de 2012

O que há de novo para o tratamento da obesidade?

Recentemente um estudo americano mostrou que de 2003 para hoje não houve um aumento significativo na porcentagem de obesos. Todavia o número ,que permaneceu o mesmo, nos assusta. Lá UM DE CADA TRÊS ADULTOS SÃO OBESOS (e uma em casa 6 crianças tem esta doença). Não estamos falando aqui de sobrepeso, e sim da doença obesidade (IMC maior ou igual a 30 calcule o seu clicando aqui e colocando os dados no final da página). Se contarmos com sobrepeso  (IMC 25 ) o número é muito maior.
Com o apelo da mídia para um corpo perfeito, aliado à preocupação de algumas pessoas também com a saúde, esta áera passou a ser um mar de dinheiro a ser explorado.

Somos bombardeados por propagandas de todos os tipos, 90% das vezes de produtos QUE NÃO FUNCIONAM, pois medicamentos que realmente funcionam não podem ser anunciados em TV, jornal ou programas. Além do gasto de dinheiro você pode estar colocando sua saúde em jogo. Somente um profissional DA ÁREA MÉDICA é capaz de prescrever e conhecer as drogas que auxiliam no tratamento da obesidade. Mas pelo uso indiscriminado e efeitos colaterais importantes ,com o passar do tempo várias opções foram proibidas (fenfluramina, femproporex, rimonabanto, mazindol) no Brasil e  ( alguns desses, mais a sibutramina) em alguns países importantes no mercado como EUA. Lá somente há  opção do orlistat e da fentermina.

Infelizmente os últimos anos não foram de notícias animadoras, iniciando pela retirada da sibutramina de alguns mercados.  Outro golpe duro foi dado na reprovação da Lorcaserina, uma droga que age nos receptores de serotonina suprimindo o apetite e aumentando a saciedade. Alguns estudos sobre segurança em válvula cardíaca e diabéticos ainda precisam serem feitos para ganhar liberação.

Há em uma fase avançada e precisando de estudos de segurança cardíaca, gestantes ,dentre outros , o possível lançamento da combinação de Fentarmina e Topiramato. A Fentarmina é um derivado de anfetaminas e o topiramato uma droga contra convulsões e enxaqueca, ambos tem  efeitos colaterais bem conhecidos e normalmente dependente da dose. Então, uma combinação de doses baixas dos dois mostrou-se eficaz na perda de peso com poucos efeitos colaterais.

No ano de 2011 uma outra decepção foi a não aprovação da droga Contrave, uma combinação da bupropiona (usada para tratamento de depressão e tabagismo) com o Naltrexone (droga usada para dependência de álcool) . Junto com dieta e exercícios a droga se mostrou eficaz em diminuir e manter a perda de peso, e  positivamente, melhorar parâmetros cardiovasculares. Por isso o pedido de um estudo maior e de mais tempo da droga para afirmar a segurança da droga causou frustração para quem apostava numa nova arma para o combate da obesidade que poderia logo ser lançada.

A última droga , bem badalada na mídia,  já usada para fins de emagrecimento por algumas pessoas, é o Liraglutide.  Trata-se de um medicamento excepcional para o tratamento do diabetes que além do controle glicêmico, melhora dos parâmetros cardiovasculares e ainda age na perda de peso. O mecanismo de ação provavelmente se dá por um aumento na saciedade, lentificação do trato gastrointestinal e (como efeito colateral da droga) pelas náuseas.

Com a seurança em pacientes complicados como diabéticos é bem estabelecida, um estudo para pacientes obesos, não diabéticos, começou a ser feito e tiveram resultados animadores. Contudo, ainda faltam vários desfechos para ter a segurança e tranqulidade para utilizar a droga nesses casos, principalmente porque a dose usada é muito maior que a dose usada no diabético, pequenas doses não mostraram estes benefícios.

Há outras substâncias ainda em desenvolvimento, mas todas elas ainda em estágio inicial e longe de serem lançadas. Mas um tratamento adequado com alimentação saudável e balanceada , exercícios com as drogas que já temos disponíveis no momento, é muito provável de se conseguir bons resultados.


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Todos nós temos tireóide

Sim, uma frase tão certas para uns quanto duvidosa para outros. É comum em consultórios os pacientes chegarem e nos dizerem que tem tireóide. Na verdade a glândula tireóide é um órgão presente  em todos os seres humanos (menos quando nascem sem ou retiram por cirurgias). Se localiza na região cervical anterior (bem para a frente, perto da pele) abaixo do pomo de Adão ou Gogó.
Reparem que ela fica mais para perto do osso esterno do tórax do que para a parte de cima do pescoço. 

Sua função é vital para o organismo  pois é ela quem produz os hormônios tireoideanos T4 e T3. Através da ação desses que a tireóide controla o metabolismo do corpo (reações químicas, formação de componentes, crescimento, digestão) , ou seja, por  mais que ela só produza 2 hormônios o corpo todo depende suas ações.

Podem ocorrer 2 tipos de doenças de tireóide como as estruturais (nódulos, cistos, crescimento, má formação, tumores) que falaremos em outra oportunidade e as funcionais como de maior ou menor produção.

Hoje nos prenderemos à doença chamada de hipotireoidismo, caracterizada pelos baixos níveis de hormônios tireoideanos.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=jnqWrrde_Fk#t=49s

A causa mais comum é uma inflamação da glândula de caráter hereditário chamada de tireoidite de hashimoto. Mais comum no sexo feminino (mais de 4 mulheres para cada homem afetado) e com a idade adulta  a doença leva a alguns sintomas característicos das doenças como:

  • Tendência a aumentar de peso (TENDÊNCIA E NÃO A RAZÃO)
  • Cansaço
  • Sonolência
  • Constipação
  • Queda de cabelos
  • Unhas fracas
  • Senir mais frio
  • Pele seca
Como se confundem com sintomas de várias outras doenças , com cansaço do dia a dia  , depressão o diagnóstico é fácil de ser feito. Uma dosagem do TSH (hormônio do cérebro) somado com o hormônio T4 em sua fração livre (T4 Livre)  pode, junto com um quadro de sintomas compatíveis, história familiar, exame físico adequado, fechar o diagnóstico.

Casos de regressão da doença são quase impossíveis e normalmente o tratamento é feito pela vida toda. Usamos a  reposição com levotiroxina sódica , que fará o papel do hormônio tireoideano, no Brasil temos várias marcas, dentre as importantes estão: Synthroid, Euthyrox, Puran T4 e Levoid. 
É muito importante seguir as orientações como usar no mesmo horário, todos os dias,  de preferência de manhã cedo, no mínimo meia hora antes do café da manhã ( e se você não toma café da manhã, deveria introduzir este hábito para não ter problemas de peso no futuro). 

Com o controle feito , TSH estabilizado, a pessoa volta a um estado de EUTIREOIDISMO (como se estivesse com uma tireóide funcionando normalmente) e a partir de um certo tempo se persistirem os sintomas acima, outra causa que não a tireóide deve ser pesquisada. 

Se você tem alguma dúvida procure seu médico, ele será mais capacitada para responder suas dúvidas.